quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Súplica - 5 Sonetos - Por Carmen Ligia


I-

Minha pele arde
Cabeça em profusão
E de promessas falazes,
Quero minha rendição.

E minha omissão
Silencio o vento norte
A voz presa
E o sangue, negro, fétido. Meus olhos gélidos?

Meus olhos transparecem emoção
Mas minha alma, não.
Ela acalenta novos dias. Cinzas eles estão...

Oh Senhor que cura feridas purulentas,
Me ouça nesta quinta confusa.
Me abraça, me enlaçe! Me ajuda!

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II-

Minha súplica é necessidade
É a solidão de não ter um grande amigo
Ou um largo peito para me confortar
Meu ser em frangalhos, onda forte rebenta no mar...

Meu olhar, cala.
Meus ouvidos veem o que só queria esquecer.
A mente atordoada, família desestruturada,
Hoje não corro, não omito; sinto-me fenecer.

Não queria este lugar de minha maior opressão
Uma família que não alento em meu coração.
Só queria algodão, para entupir sentidos,

Mas meu ser contrido
Meu ser inconstante,
Sou errante, passo, e sinto tanto, ainda em pane!

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III-

Barulho, não apenas externo
Sinto um largo abismo bem no centro do meu eu,
E esta úlcera são minhas emoções mal resolvidas
E a pele que me traz um tanto de agonia,

Queria de fato rompê-la
Fugir deste ser abjeto, preso em limites tão destoantes
E de nada serviram doces romances
Pois meu leito é vazio, e é de solteiro.

À esmo, correndo contra as incoerências desta casa
E minha alma já não é alma
É noite atordoada, a casa que escuto apreensiva,

É meu irmão que rebenta em fúria lamentosa
Falando nomes destoantes das boas maneiras,
Não sei se ele se perde, eu é que não me encontro em meio a tanta asneira.

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IV-

E o tempo perdido é então, meu encontro em profusão
Minha vontade de partir, a necessidade que é ficar
Pois esta vida não me permite,
A partida para meu lar, a paz que anseia minha alma.

E estou lutando pra não escutar estas brigas
Que não me levaram a lugar decente
Corri para o incoerente, e beijos mordazes
Estou sozinha nesta casa; robôs com mentiras incontáveis.

Não quero ouvir...
Passando pelos meus desenganos
E outrora aurora. E hoje rezo, imploro nova vida

Que aquela esperança,
Não me abandone.
O entendimento de nova mulher; fé de criança.

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V-

Não preciso sumir, calar, omitir
Sei lá... Passar e crescer. Esquecer!
O que eles representam não é quem sou.
Eles que fiquem em seu castelo de desenganos, quero ninho de amor.

Sozinha posso sim ser feliz.
Se tiver alguém decente ao meu lado,
Serei ainda mais.
E noites frias serão só poemas ineficazes.

E desta ineficácia, em vida que me pede sono,
Esquecimento, e desistência.
Não posso esmorecer! Tão longa é a estrada...

E aqueles que hei de ajudar com meu melhor sorriso
E todos que orgulhosamente chamarei de meus amigos,
Superarão estes dias. Dias de reflexão, mas nunca covardia...

........................................................... Por Carmen Ligia

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