quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Olá amigos... O que vem, em parte registro [Fiz um conto!!!]

Olá amigos

O que vem, em parte registro. Nem tudo que vem é bem vindo (ou se escreve). Às vezes se esquece, ou tentamos. Outras guardamos, pois noutra hora, há de vingar com sentido de dizer ao que veio. E muitas vezes vem sem dizer porque, e fica. E marca! E dá um sentido para dúvidas. Porém como me disse uma vez meu Profº Pina, 'se tens dúvida, NÃO FAÇA!'

Estou aqui visitando uns blogs, pesquisando uns autores, e me vem a biografia de Clarice Lispector. De certo impressionante. Por vezes vamos as obras e esquecemos quem vai atrás destas - ou seria bem na frente? Não vem ao caso tais reflexões filosóficas, me ponho à parte.
Uma das coisas que me chamaram atenção, foi ver que certa vez ela dormiu com um cigarro aceso...

"(...) 1966
- Na madrugada de 14 de setembro a escritora dorme com um cigarro aceso , provocando um incêndio. Seu quarto ficou totalmente destruído. Com inúmeras queimaduras pelo corpo, passou três dias sob o risco de morte — e dois meses hospitalizada. Quase tem sua mão direita — a mais afetada — amputada pelos médicos. O acidente mudaria em definitivo a vida de Clarice".
Fonte: (http://www.releituras.com/clispector_bio.asp)

Vale a pena dar uma olhada em sua biografia, que de forma sucinta está exposta no link acima.

A Clarice é autora de diversos romances, e vários contos. Muito bons. Meu negócio vem sendo a poesia, que acho fácil, me sinto tão desenvolta. Mas tentei escrever um conto (ou algo que lembre) a pouco. Repasso aqui para vocês uma parte do mesmo. Se quiserem postar o que acharam das minhas palavras enveredando nesta modalidade, por favor, sintam-se à vontade.

"UM CONTO, Por Carmen Ligia
(...)
1- Por que tem sede? Ela me perguntou por que quero um copo d’água? Ela vai até o fim da fila, tem uma mesa imensa, com uns retratos rasgados; elas os colhe, e os rega. Nega que foi ontem, não vê que o hoje, é um momento já acabado... E há longa espera, do outro lado do cercado.
Eu me calo, o meu desejo não é sede, não é fome. É só pressentimento. Não me permito saudade porque ela nunca fica, suga meus lábios, e sorri pervertida. Ora, mas sorri que nem uma menina... E eu acaricio seus longos cabelos; ela apenas suspira como se me dissesse, já é tarde. Ela nunca confessou que queria mesmo que eu ficasse, quando olhava o relógio sobressaltada: vá embora, vá embora!
Nunca estendi a mão, também nunca entendi. A deixei partir porque ela se exaltou; não sabia ficar... Sua casa tinha apenas quatro paredes, areia movediça sob os pés, tempestade sobre a cabeça. Eu só ofereci um abraço. Ela se assustou. Tal bicho recolhido, amedrontado, se refugiou atrás do sonho. Só que anos passavam. Mas eu não via rugas ao redor dos seus olhos, só via o rosto de menina sempre meu. O colo que tanto queria dar. Sua recusa. Sua fuga. E meu desejo de fazê-la minha pequena menina, doce menina. E seus idos quase 30 não diziam nada. Parecia a mesma sapeca que só vi em meus sonhos de garoto; e minha realidade, mais de 50 e uma vida, já definida. Me perdi naquele olhar. Qual saída?
(...)
Deixa eu te colher nas flores do amor primeiro, que por ser último, valerá cada esforço. Eu só quero te abraçar para dizer que estou vivo. Vais para um canto, e outro. E eu te busco. Foges. Eu fico só. E passando, porque tenho de estar 5 horas naquele mesmo lugar, pra ir abraçar a vida real que não me trás paz, alegria, ou ressurgimento do menino que nunca morreu. Ele corre pelos pastos, pelos campos, por caminhos coloridos, apenas te buscando. E guardo para esta garota que vejo só, o meu melhor sorriso. E pena que ela ache que é só cama, e lençóis desarrumados. Não seria. Certeza de muitos abraços. Enquanto navegas, eu sonho.
E te procuro amanhã."


Porque quem conta um conto, aumenta um ponto...
Beijo de bom dia em todos (ainda madrugada, mais ou menos 02h16min).

Curiosidade: (Que me remeteu ao começo do meu conto...)
José Castello, biógrafo e escritor, nessa época (1976), trabalhando no jornal "O Globo", mesmo assim telefona e consegue marcar um encontro. Após muitas idas e vindas é recebido. Trava então o seguinte diálogo com Clarice:
J.C. "— Por que você escreve?
C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"
J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."

Fonte sobre Clarice L.: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp

Imagem: Internet

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