segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

De Braços Abertos, por Carmen Ligia (inspirada em algumas frases de Mário Quintana, que me pôs em genuína reflexão)





“Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês”.
(Mário Quintana)

DE BRAÇOS ABERTOS!
Poesia de Carmen Ligia


“Ainda desconheço um paradoxo perfeito,
Mas a vida o é;
E quando me percebo viva, esqueço,
É só segundo; vida é eternidade.

Quando Quintana me emociona,
E lágrimas transcorrem em meus dedos,
Não sou poeta, sou quimera,
E de poetar, desfaleço.

Chora alma minha de tão incompreendida,
Olhos marejados é minha emoção translúcida,
Alta tarde, Deus é poeta,
E me faz rimar versos sem sentido.

Sem sentido? Talvez haja muitos
Que escapam ao meu olhar desatento
Se o que vejo é mundo,
E tenho apenas um teclado entre dedos...

Sonhos de poeta...
E poeta sou?
Amor que busco,
Amor a mim, não esta de horror!

Como distribuir o que em mim ainda é vírgula, em fábula?
Venha o amor de Deus para preencher minh’alma
Venham poetas, e me ensinem o que não se ensina
A ser poesia, em um mundo tão difuso, tão concreto e coca-cola!

Desfruto o disforme
Mas vislumbro o paraíso;
Choro por sentir tão forte,
Como seria ser simples, e não omisso...

Há uma terra, cheia de sentido
Há um coração, que toca minha essência,
Há uma ciência, que se faz por amor e maestria
Há um mundo em que se respira poesia...

E haverá de ser agora,
Na aurora de um novo dia,
Quando o tecnicismo não separar
Quando a filosofia abraçar o diferente,

Quando meu mundo vira caos, e cacos bem misturados
Faço um mosaico de esperanças,
Vivo aquela criança
Que corria com sua bicicleta rosa...

E freou encima do quebra-mola,
E o pneu de trás subiu,
E um riso veio aos meus lábios
Pois sufoco do passado, são risos de contentamento...

O tempo, que não me disse ao que veio
E não é flacidez, adiposidade, mesmo rugosidade
Que me dará exata noção do que foi perdido:
Nada se perdeu, eu sou eu, e não sou... Também passarinho!

E do que foi passado, estrada e poeira
Lavo-me com água da chuva, e não colho mais espinhos.
Vamos! É um longo caminho,
Caminho de quem nasceu poeta. Espera; reconhecimento não é louro!

Às vezes agouro,
“Inté” pressentimento...
Mas que leiam que “não pensei”
Apenas fui teclando o que sinto...

E não sinto,
Sinto tanto
E quando “minto”,
É que digo as maiores verdades.

De tarde,
De certo mais um dia,
Vem sol que contagia,
Com gratidão espero abraçar até mesmo o contratempo,

Ter fé e não arrependimento
Sugar o respirar de um novo tempo,
Oh poetas que leio e me emocionam
Sou aprendiz, e ainda é outono...

Mas sonho
Em primavera de céu escarlate
Me invade esperança!
Ser quem sou, criança; entendendo o que não entendo, é filme

Mas o real
Não é o mal, a dor, e a lástima;
É ver que o que ficou
São versos, é prosa, é poesia: mais estrada!

Sou eu e eu sou!
Sem tamanhas filosofias...
Apenas uma menina
Segue entre pétalas e devaneios,

Busco a semente,
O vingar,
O mar,
E novos tempos...”

Carmen Ligia é poeta? Não sei, rimadora, sonhadora, e o que sou, me basta neste dia: alegria! Ler versos de Mário Quintana e desmanchar minha alma... É saber que estou MUITO viva!

Fonte: Verso de Quintana citado em http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm; Mário Quintana em Esconderijos do Tempo, “Os Poemas”.

P.S.: Fiz em slide, e ainda hoje colocarei no slideshare para poder estar disponibilizando AKI!

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