domingo, 12 de outubro de 2014

Apenas por falar... (Carmen Ligia)


"Vai, assim
Eu me disponho,
Me recomponho e sigo a marcha,
Nado contra a corrente
E aceito o caos,
Vivo encima do muro
E caio em mim mesma.
O tempo que cruza o espaço,
E o contratempo que cruza os passos,
A vida e suas relíquias sagradas,
Os nós de cabelos,
E as dores de cabeça.
A certeza incertamente feita
E a destreza de mais um dia.
A fortaleza do que sou
Em meio a fraqueza, e medo.
A onda que me leva,
E o passado que Deus leva
Em meio ao tiroteio.
São ideias vãs, talvez pagãs.
A família lá,
E eu buscando ME encontrar.
Egoísta em saber quem eu sou?
E nada sou,
Sou uma passagem,
Uma miragem.
À solidão faço sala
E a fumaça do cigarro é espera.
A fera que não quero alimentar,
Os dias porque cada dia tem algo a ME ensinar.
As tiranias das palavras tão facilmente execradas
E em mim fazem quase possuídas.
O dom que extravasa a alma,
Pede teclado e discernimento,
Pede ar, aqui calor imenso.
Sou uma estrela no ar
Morta no firmamento?
Sou uma gota do oceano
Perdida em mares tempestuosos?
Sou um norte sem rumo
E uma mão que balança sozinha?
Erros, acertos, desvios, anseios.
Sou uma menina?
Sou uma mentira?
Sou uma poeta?
Sou mera quimera?
Sou parca fantasia?
O que sou, ainda não sei.
Ao que vou, ainda tento vislumbrar.
Tanta dúvida
E tamanho caminhar,
Hoje é só mais um domingo,
Está a passar
E eu busco apenas esse teclado
Pra desabafar?
Não,
Apenas por falar..."
(Carmen Ligia Vila Nova Santos)