quinta-feira, 15 de julho de 2010

Incógnitas

Um não sei quê de paraíso, os mutantes estão buscando.
Um não sei quê de mais idílios, os poetas estão, procurando...
Um sentido pra viver, muitos nas drogas, ou nos remédios.
Sair da dor profunda, que é o viver, com seus mistérios...

E na noite, cintilante, se vão os errantes, em busca de um colorido,
Um quê de magia; a vida, tão enfadonha, rotineira...
Os boêmios vão aos bares, com seus convites, e deslizes,
E viver com dignidade... O que é digno, o que é certo? Talvez a mesmice!

Decerto, todos com suas fulgas, e seus sacrilégios!
A moça de saia curta, e bolsa na mão.
A moça, que não é 'moça', com vaidades e omissão,
Que é seletiva em suas 'escolhas', mas precisa dos olhares, de popularidade,
de exibição.

Ai daquele que vive a vida, "correta", acorda cedo e paga a faculdade do filho,
Mas fala absurdos, dos filhos dos vizinhos.
E trata sua esposa, como lixo, mera empregada,
Mas quem sou eu pra dizer o que é certo, nos caminhos tortuosos da estrada...

Falar da vizinha, que é avó e faz os seus netos chorarem por todo o dia?
Ou da tia, que carrega um enorme rosário nas mãos, e não visita a sobrinha, que está com depressão?
Ou da outra tia que, para se sentir melhor, aponta seus defeitos?
Ou olhar pela janela, o tédio, desta cidade e seus preconceitos?

Deveras, viver na cidade grande é não falar com a maior parte dos seus semelhantes...
Cada um na sua aventura errante, acumulando mais e mais dinheiro,
E o que eu busco, não é o que vejo.
Não me chame idealista, ou inconformada; alguns fingem não olhar, o mundo e seus desafios imensos...

E ao olhar, o mundo que construímos
Acredito em rosas, sem espinhos...
Mas como acordar, do pesadelo que eu mesma criei?
Como sair de mim? Não sei, não sei...

E olhar o mundo de modo diferente
É utopia, loucura ou fanatismo religioso?
E cada qual vai colocando a culpa
Na política, na juventude, no cônjuge, sempre no outro...

E quem faz sua parte?
Aquele que vive alegre, e luta, pra ser dignidade?
Aquele que constrói sonhos, ou cultiva belo jardim?
Ai de mim; são pobres, artistas, ou filósofos; porque a regra, é um mundo caótico, construindo seu próprio fim!

Na pobreza, humildade, vejo GENTE, que faz a sua parte.
Nos artistas, vejo irrealidade, ou seria a verdade crua? Estes tentam ver/viver outra realidade, ainda que pareça absurda!
E filósofos, os que pensam, passam, e dizem o que sentem.
Bem, estas categorias, são apontadas como utopia, e ficam apartadas neste sistema segregacionista e indecente!

E o mundo, com suas insanas buscas
Por dinheiro, sucesso, e beleza;
Pelo efêmero, o controverso, a distorcida aventura...
Fizeram um mundo de loucos, mas apontam seus dedos para os outros, com covardia, construindo um mundo de torturas!

E se o mundo é o caos, depende do olhar
E quero acreditar em vida, renascimento, pássaros e alguns contratempos, mas quero amar!
Quero ir, além da realidade deprimente
Quero flores, não mais serpentes; não deixar morrer a esperança!

E vou; com minha fantasia em crer no amor
Na vida em que eu possa ser, verdadeiramente, quem sou;
Não sou louca, depressiva, ou controversa.
Sou magia, sou quimera; sou poeta!
(Carmen Vila Nova).

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