quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Saiu no DAA Informa 14-12-2010 - E algumas reflexões a cerca de interdisciplinaridade

DAA Informa é o e mail (informações) que chegam para os alunos da UFS = Universidade Federal de Sergipe.

PRÁTICA DE ENSINO EM ARTES VISUAIS
A Carmem Lígia, do curso de História, participou do Seminário
Internacional sobre o tema, noticiado na penúltima edição deste aperiódico
e ficou embevecida, pra dizer o mínimo.
Confira em
http://aprendizdepoetaenavida.blogspot.com/2010/12/meus-eventos-quanta-experiencia.html

O Profº Edilson descreveu bem meu estado de espírito, que segundo o dicionário inFormal (http://www.dicionarioinformal.com.br)embevecida significa "enlevado, extasiado, encantado".


Sim, encantada é um termo muito plausível. Certa colega, ao me ver neste Seminário, perguntou o que eu estava fazendo ali. (??) Ora, ora, fala-se tanto em interdisciplinaridade, mas pouco se faz para efetivar tal prática. Parece que a ciência cada vez mais fica "se fechando" em seus redutos, cada qual em sua própria "praia". Estava no seminário de Artes aprendendo novas nuances, também como se fazer uma aula interessante de História, usando outras áreas do saber.

Acontecimento semelhante ocorreu quando fui fazer um Curso de Audiovisual, anteriormente. Um cidadão me perguntou o que estava fazendo ali, já que faço História, dizendo que a área de Audiovisual é muito concorrida. Respondi apenas: "Se está tão concorrido, então saia"! Não vou sequer me estender no quanto o historiador é requisitado no cinema, mas estava lá por paixão, ou seja, por ser amante da 7ª Arte; uma amante ainda inexperiente, principalmente no tocante às técnicas. Por isso o meu interesse. Sou assim, um tanto curiosa, e ainda buscando as minhas vocações.

Bem certo que vivemos em uma sociedade que "nos pede clausura", nos redutos daquele saber que escolhemos como profissão, "empurrando" para buscarmos as especialidades, ou seja, ser muito bom em certo campo do conhecimento, desprezando (na maior parte dos casos) a interação com outros domínios, que para muitos é pura perda de tempo. Bobagem. Na verdade, os bons especialistas, que são uma parcela diminuta, conseguem fazer um intercâmbio bem sucedido com outros conhecimentos. A maior parte trata-se é de "pseudo especialistas", que veneram seu reduto afastando os "curiosos", talvez com medo que esses venham a fazer melhor o trabalho do que aqueles que se dizem formados na área em questão. Sabemos que tem muito jornalista fazendo "História", ou seja, escrevendo melhor a História que os formados desta área. Isto é fato, não um exagero.

Bem, dirão outros que vagar em territórios "alheios" é perda de tempo... Não creio que o conhecimento amplo (mesmo irrestrito) seja uma perda de tempo, antes privilégio destes que ousam ir além do que é estipulado pelo "sistema", estes que com sua audácia quebram a casca e vão além do lugar comum! Parece-nos até que a própria ciência é vítima do tecnicismo, e com o apelo em atender as necessidades do mercado de trabalho força os profissionais, ainda que de forma subliminar, a serem especialistas limitados em seu quadrado (como na música: "(...) ado, ado, cada um em seu quadrado").

Bem, tem que ser deveras "quadrado" para se resumir a um sistema escroto, que nos "incentiva" as novas buscas, trocas, interdisciplinaridade, colaboração, mas que na prática universitária mostra um universo avesso às trocas, onde o medo reinante é com o próprio colega, e por mais difícil que seja de entender, do próprio curso. Além do mais fica aquela "guerra" velada, onde cada grupo quer ter sua área do conhecimento como a melhor, e ainda mais quando a Reitoria vergonhosamente privilegia com mais verbas os departamentos x e y, em detrimento dos outros.

"Pasmén"! Estudamos desde sempre todas as matérias, ou seja, até o Ensino Médio, mas na graduação "nos enjaulamos" em nosso "preconceito territorial"; aqui Direito, ali Filosofia, etc, etc, e cada qual que faça seu melhor. Uffa!! Crescer dói, principalmente quando vemos que o Sistema quer nos fazer seres resumidos, limitados, cada qual "em seu pasto". Perdão, esta terminologia "pasto" é para nos remeter a música "vida de gado, povo marcado (...)", da autoria de Zé Ramalho. Ou achamos que por ter lido alguns livros a mais, não nos comportamos como massa, sendo manobrados em nossa vaidade pelo cientificismo?

Quando vejo meu Professor, aos 26 anos já doutorando, claro que obsevo que as especialidades tem deliciosas vantagens. Isto no mundo daquele que sabe o que quer. Ou ainda para aqueles que mesmo não sabendo, se conformam. É a questão da sobrevivência, e como nos aconselham "os bons", concurso público! Aí penso na área administrativa, visualizo-me concursada, com meu salário (seria bacana), mas quem disse que a alma se engana? Nasci para organizar papéis? Na verdade, o que o coração sente mais prazer, é dedilhar teclado, é escrever versos e palavras; mesmo que não sejam rimadas, expressando as sutilezas, mesmo a aspereza da alma, ou a realidade incognoscível desta eterna busca. E buscar, tentar de fato se encontrar é validar o grande sentido da existência humana. O que para alguns soa como sobrevivência, e muitos mera conformação, para mim ainda é busca... Se for dar aulas, como fazê-las mais atraentes? E se for "mexer" com outros nichos? Por que não desenvolver potencialidades que poderão ser acionadas em um futuro próximo?

Por que não sair de um limite imposto para homogeneizar nossos sentimentos, potencialidades? Estas que muitas vezes ficam adormecidas por medo do desconhecido, ou por mero conformismo, afinal, como dizem: "É a luta pela vida"...

Quimeras... Fazemos de nossas vidas pesadelos e buscamos compensar com sonhos, mesmo alguns agrados que um salário possa até proporcionar. Mas como é difícil viver nossos sonhos. Eu mesma, já passei pelo Direito, e talvez o que não tenha me cativado foi a atmosfera fria, distante que a maioria representa no próprio semblante. Quando passo para um aspecto mais relax do conhecimento, como o Audiovisual, vem um certo alguém falar em concorrência? Parece até piada, visto que o curso que estava fazendo às vezes não tem procura, ou seja, a oferta de vagas é maior que o número de inscritos. Vá entender a psiquê humana, e suas cercas, seus muros e muralhas, seus "compartimentos" do saber, sua estanque inércia, dos seres que dão voltas e voltas atrás do seu próprio rabo, tal um cachorrinho em suas distrações, por mera força do hábito. Pavlov explica.

Mas aqueles que buscam o seu caminho, bem certo que podem demorar. Por vezes vem certo desânimo, e pensamos como seria mais fácil simplesmente seguir 'a manada'. Talvez um doutorado demore, mas se ele chegar com a certeza de que fiz a escolha certa, isto terá recompensado o tempo que "ainda" estou nas buscas. Ainda... é cedo. Mesmo com meus 29 anos, sem um diploma para enfeitar a parede da sala, o que importa mesmo é estar na estrada. As bifurcações, ainda atrasando o processo chamado especialização, ou mesmo estabilidade, pode nos levar ao encontro verdadeiro de nossa vocação, de nossa identidade.

E quando alguns perguntam, que fazes aqui, outros nos abraçam e enriquecem nossa cultura. Aí reconhecemos que estes seres que encontramos em situações adversas, e mesmo em cursos atípicos, sejam facilitadores ou colegas de curso, vão engrandecer nosso mundo com mais experiências e uma vista panorâmica, ou seja, o olhar sobre o todo, como se estivéssemos no alto de uma motanha. Há de se viver em um mundo mais justo sim, quando cada qual puder dar o melhor de si, sem redutos, sem tanta fonteira, havendo respeito por quem quer que seja. Um varredor de rua que faz sua função com zelo, é cidadão, mas certos especialistas, por exemplo um médico, que deixa um paciente morrer só porque acabou seu plantão, pode ser considerado humano? Não, mero coração de aço que só enxerga uma vida para salvar, se tiver um caução.

Mas busquemos. Como li em certo autor, é com estradas sinuosas, difíceis, mesmo com muitas curvas, que não dormimos ao volante. Ou como diria Manoel de Oliveira: "O verdadeiro criador é inquieto. Inquietação é vida".
E só para concluir:
"Todos nós não temos o mesmo talento, mas todos nós deveríamos ter a mesma oportunidade de desenvolver os nossos talentos". (John Fitzgerald Kennedy)

P.S.: Comecei a escrever, com ímpeto tamanho, dei um deslize, teclando o esc; recomecei, e o texto está aí; analisando a interdisciplinaridade, e minhas buscas
no caminhar...
Carmen Ligia

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