quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Do que fui - Do que serei = 7 sonetos" - Por Carmen Ligia


I-
"Durmo, e vivo.
Acordo, e vegeto
Não digo o que quero,
Então desejos corroem meu cérebro.

E emoções, destroem a melhor essência
E lençóis não amassados, fuga do meu eu.
Terrificante solidão, tanta escolha é só medo
De mostrar meu ser desnudo, tamanhos segredos...

Carência bate à porta.
Refúgio em sono profundo.
Apatia de mais um dia...

Caos em meio a profusão
Escondendo o que sinto, quero, necessito;
Solidão é fuga, não é solução."

II-
"Já vivi, hoje passo.
Hoje ocaso, remediando minha vida vazia.
Covardia, é mais um dia.
E vida não o é.

Quem me quer? Se não me quero, quem me acolhe?
Vento que passa esvoaçando meu cabelo,
Pele que arde, sem afago, e com tanto medo,
Fugir é mais fácil: Só dívidas a longo prazo!

Durmo e "esquecendo" lembro que nada esqueci.
Lembro de cobras, e veneno, e bichos peçonhentos
Só porque me escondo do que sinto, necessito.

E o que sinto não é o que vejo.
E o quero, escondo de mim mesma.
Asneira, novo dia de mentira: Como acordar do pesadelo-vida?"

III-
"O que crio, desfaço.
Desembaraço o sol, e colho minhas tempestades.
Não crio esperanças, não vivo de lembranças;
Quero sangrar, gemer, sofrer... Para poder enfim, germinar!

O que não criei, reinvento.
Toco martelo, toco meu coração, toco qualquer instrumento,
Para ser algum tipo de instrumento
Nas mãos de um Deus que é consolação.

Não choro porque é mais fácil comover.
Me comovo porque sinto com alma de poeta,
Que só quer viver, sem mais espera.

Chega de sofrer, chega de sangrar.
Só quero ver o mar!
Só quero ser amada, e amar. E calar!"

IV-
"Se me perguntas quem sou?
Poeta.
Se me pergunta por que vou?
Quimeras.

E minhas quimeras haverão de ser realidade!
E minha dor haverá de ser lição, mais tarde...
Nada se perde, e tudo se recria
Haverá uma nova canção, um novo dia.

Me salvando, voo pelo meu pensamento.
Creio que posso me reerguer,
Colho esperança no jardim de um novo alvorecer.

Não temo. Não me julgues, só queira ver comigo novo dia.
Em que não dormirei pra fugir, e ai de mim,
Serei poeta, vida. Alegria."

V-
"Visões
É silêncio,
Já que minhas palavras não são desabafos,
Antes alento.

Corre madrugada cinza disfarçada de novo caminho.
E o é. Solidão-desatino é percepção de um novo dia.
Mais maestria no dom de acreditar
Em Deus, na vida, no amor. Fuga já não bastará.

Jogo meus traumas pela janela
Espero amor revolução.
Pois verdadeiramente me amo. Não sou negação.

Ainda sem me amar, a outro ajudarei. No caminho, é que se aprende,
Porque o sol há de brilhar, veemente!
E chega de talvez... Papa há de anunciar: Bem sei, bem sei!"

VI-
"Colho flores, quebro espinhos.
Cravo de saudade, pois amargo o caminho
Então fel será mel,
Libertação do que foi desatino!

Amores pela estrada,
Que não volta, e tudo bem
Meu bem, amor do que não fomos
Vá! Te perdoo! Bons sonhos.

E já não quero sonhar
Esperar.
Perder minha alma.

Antes acordar
Sorrir, e chorar.
Mas nunca dormir, pra fugir, da longa caminhada..."

VII-
"Vida?
Chegou...
Amor?
Chegando...

Saudade, passando.
Amor que é passado...
Mas um novo sol vem raindo.
É meu amor próprio, e outro amor em meu enlaço.

Pesadelo de vida, serão sonhos em realidade.
Fuga de mim mesma? Serão poesias, jogo tudo ao vento
Contratempos? Arrependimentos? Não... Cura tudo amigo Tempo!

Vou! Poesia nunca acabada, esperança na vida...
Cadeia não é pensamento, pois foi tudo ao vento, fica vontade:
Fé na vida, VEM CHEGANDO UM NOVO TEMPO; chega de saudade!"

((Por Carmen Ligia)).

Um comentário:

  1. "Quem me quer? Se não me quero, quem me acolhe?
    Vento que passa esvoaçando meu cabelo,
    Pele que arde, sem afago, e com tanto medo,
    Fugir é mais fácil: Só dívidas a longo prazo!"
    Fantastica.
    Sem mais comentários

    ResponderExcluir