
Sou passista - porque passo!
Eu sei - Eu sei - Eu sei!
Renunciei - não foi por acaso...
Ébrio de fantasias, serpentinas?
Não! Serpentes!
Veneno que descia pela garganta,
Monstro que se avolumava em meu eu quimérico-ausente
Homérico! Fantasmagórico! Tolo. E cômico em ser trágico.
Espinhos de fevereiro
Outros janeiros...
E folia - magia - nostalgias? Do que não fui, por ser carnaval?
Se tudo passa, até uva passa...
Carnaval em avenidas escuras
O que foi brilho, idílio, inspiração,
Meu palco de derrotas... Som, frênesi, e cores distorcidas: ilusão!
Multi cores, sabores, beijos e máculas,
Queimadura em meu dedo, no hoje
Bronzeado no ontem
Trio, praças, asperezas... Marcha!
Mas já houve marchinhas...
Hoje marcas que não cicatrizaram ainda,
Lembranças alegres, vazio meu ser que ainda passeia.
O carnaval morreu hoje pra minha sobrevivência. Necessidade não fantasia, mas lembra!
Máscaras? Por que insistem em ficar?
Desmoronar não vou, o que passou sempre a ensinar...
Vontade, não de cruzar esquinas, em plena avenida de vaidade.
Carnaval é hoje, e preciso enxergar o ser real, verdades!
Ai de mim, poeta em contradição,
Omissão e morte de fantasias, rasgadas para continuar a jornada.
Sigo! Sem nostálgicos domingos, sem esperas desnecessárias
No hoje me guardo; amanhã fé na longa estrada...
O ontem, são confetes branco e preto
No vermelho do meu sangue, picadas alopáticas,
Diurético é o remédio que me mantêm "acordada",
"Não viajo", não sobreviverei a outro naufrágio-cilada!
Azul, é o céu do mar do amor, que borboletou mas ainda não chegou.
Voo no céu de março, este instante não desandou
E segue, se sigo é porque confio,
Não em marchinhas, sambas mesmo trios. Silencio; apenas caminho.
Ausência da festa hoje é fortaleza,
Não que seja forte contra os golpes rumo ao norte
Mas vejo horizonte,
Antes escondia a verdade, fantasiando a vida: carnaval eterno carnaval
Passou!
Verde é a relva do meu amor que está para chegar,
Rosa é o entendimento carismático do meu bonito olhar
Da fé no que vier; do espelho meu retrato vou rasgar!
Não sou, este reflexo hoje estampado,
É só imagem fria, tom embaçado
O que sou, serei
O que vou... Já sou, recomeço!
Esqueço do passista, embriagado
Que pisando em espinhos não via nada, sequer seus passos...
E se vê em mortalha
No espelho da vida nua! Acordo e desnudo a rua!
Mas se o que ainda vejo
É imagem compulsiva, esta deverá se apagar,
Mesmo alguém que não se encontrou ainda
E foge de si mesmo, desespero-desamor, tudo vai passar!
É folia!
Sexta madrugada - é carnaval.
Dicotomia? Hoje vejo além do bem e mal,
Cereja... Frutas multi cores no quintal; elas querem é o bom "lobo mau"!
Frutas, saboreamos sem qualquer adoçante
Qualquer fermentação,
Sem fumaça, fulga na multidão.
A solidão revela triste quimera que enfim morreu; fenecendo é que estou a renascer; às mazelas dou adeus.
O ser que ainda não amadureceu
Não quer mais ser carnaval.
Se escondendo de si não evitou fel, e adversidades
Quer uma vida normal, cansou de ter miragens!
Sinto, uma nova paz diferente,
Cor do amor fraternal, transmutando a semente
O que fui morreu nas cinzas do que passou
Atriz que não samba, só cria... Crê em novos dias, já germinou!
"(...) Mas faz, muito tempo"...
Tempo de revolucionar
O meu viver, céu e mar
No encontro com Oxalá...
O Deus que é amor
O Deus que é perdão
Fé que é salvação! Em qualquer credo-religião.
Carnaval, meu pecado, minhas delícias, dor: averiguação!
Sigo
O meu fantoche, destemido
Na minha imagem desconstruída,
Peço a nova vida, confete e serpentina;
Samba, avenida que sangra
É porque cresceu,
A fantasia não morreu
A fortaleza só floresceu.
E cresce, cresce! Robusta é a fé, do que serei
E quero ser o Sol, vê o Rei
Deus em cada noite estrelar,
De brilho, meu novo recomeçar.
É tarde...
Sede pelo que virá,
Quero tirar esta pele que não serve mais
Quero tomar banho de mar!
Salve, o carnaval no coração humano
Não aspectos de festa, com trios e foliões insanos,
Quero o carnaval de mil corações sem mentiras,
Passando pelo tumulto, clamam o despertar, de novos dias: VIDA!
A festa, na alma renovada, sem fingimentos
O amor que vingará na alma cintilada, sem contratempos
Vai minha alegria, cobre o mundo inteiro
Não toco pandeiro, rimo meus sentimentos, e carnavalizo o viver...
Atento!
Março que passará
Promessas nos corações que querem se renovar,
A pressa para ter paz, e sambar...
Samba tu, sambo eu, sambo, bambo de lastimar amanheço,
Axé tu, axé eu, nós somos axé porque renasceremos
A fênix, sábado de cinza a voar...
Acabando o poema... Fé no que quero manifestar!
Carnavalesco meu coração sonhador, não fantasia
Quebrou o pandeiro, toca o mundo inteiro
Com o sonho de ir além do que aqui está...
A festa lá fora, que não seja imagem de hipocrisia, a banda sempre irá passar...
Quero a alegria
De ser quem nasci pra ser
Padecer não é crescer!
E carnaval mascarado morre em meu peito; já é hora de crescer, e crer no real que me faz amanhecer!
Hoje é, novo tempo!
Carnaval do que fui, hoje renasço,
Alegria, tristeza, fé com certeza
Eu sou todo dia do ano, aprendiz do acaso...
Passista que não perde o ritmo, não se arrepende; aprende e samba consciente...
Fé no que já é! Carnaval sem máscaras, fugas, precipícios
Axé, sambo na vida de alma lavada, com OTIMISMO,
Acordo e vejo A NOVA estrada, sem abismos.
Carnaval, pode ser a mazela de quem foge, todo dia
Usa festa com idolatrias,
Masss, pode ser alvorecer
Daquele que nunca deixará o samba morrer,
Podem vir as levas
De limites, disciplinas,
Necessárias pra vida ser vivida:
Tragam confete, dou-lhes poesia!
Alegria é ver
Que vale viver
Rasgar fantasias, e alvorecer.
E ouvir quando a banda chegar!
A vida recomeço, porque sou real
Não passo, pois eternizo real carnaval
E tristezas me fazem crer no amor,
A dor me leva além. Passou! A vida só começou...
Quem sambou pode sambar
Sem máscaras
Quem perdeu pode encontrar
Amor! Estradas renovadas! Doces e reais, madrugadas..."

(Carmen Ligia, sábado carnaval 2011).
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