quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os versos que quero deixar (Por Carmen Ligia)


"O tempo escorre...
Flores multicores e rosas violetas que não vi,
A alegria da transmutação,
O ode, o delírio, e a continuação.

Quero deixar ao mundo
Os versos de todos desconexos,
Mas ainda sentidos,
E com sentido pra quem vê além dos antagonismos.

Me deixo,
A serragem baixa da grama dourada,
O gosto do amor que morreu
E ainda amor, porque não teve um fim coeso.

Vejo as ilhas porque nós vamos
Em nossos desertos e desenganos,
Mas em outros planos
Raios de sol, raios de amor fraternal...

A família, a lida e o sentido sempre mudado
Porque na rotina mora o pecado,
Na noite mora meu ocaso
E no acaso, minha ressurreição.

Vejo os vasos de vinho do sangue que brota nos olhos...
Olhos que só conseguem absorver o diluído momento das idades passadas:
Mas eu vejo alma,
Sempre renovada, sempre sonhadora, e realizada.

Ainda que persiga a linha que todos almejam,
Que é ter um carro e uma casa pra chamar de minha,
Quero deixar meus melhores versos,
Mas para isso clamo novos dias.

Vem os passos sem som
E eu que vou dormir o sono de quem quer levantar
Pra realizar, pra tentar, pra quem sabe amar?
Quiçá...

Rosas violetas não verei,
Ou um mar cor de céu neste plano,
Mas os véus não me impedem
De desfrutar mel: como é saboroso vivenciar, e continuar acreditando.

O mar! De cor turva
A noite: ainda escura.
O amor que é eterno,
E a dor, porque ainda assim me elevo: enfim desperto!"

(Carmen Ligia, em 16 de fev 2012).

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