quarta-feira, 25 de junho de 2014

Poesia em Transe (Por Carmen Ligia, setembro de 2012)


"A poesia emudece
Porque surda está,
Ainda que atenta
A espera do seu despertar.

A poesia calada, chorosa,
Com pétalas a cair;
Cumpridora dos seus deveres oscilantes,
Que pagam contas mas rasgam sonhos.

A poesia está presente e é perene
Tal um rio em chamas.
Suas larvas são profusão de fé, procissão à pé,
Mas quer alcançar estrelas.

A poesia em ambiente gélido e formal,
Ri a vida,
E fala piadas
Pra tentar animar,

A dura contradição que é ser e estar,
Em uma realidade ambígua,
Longe dos seus versos que precisam velejar,
Viver a verdadeira vida.

Onde estão os sonhos que se escrevem ainda que errados?
"Aonde" estão retratos de quem fui e ainda quero ser?
Onde está o portal que revele e cristalize
O amor a Deus e a escrita que vai me vencer?

Me vencendo, não serei o contratempo do pão enervante,
Que me dão algum dinheiro e um sentido asfixiante,
Essa que está aqui, quer ir além e escrever,
De dores, de amores, de misérias, de quimeras,
Viver para compor...

Versos e contos,
Romances e transcrições,
Não esses sentidos opacos:
Quero ocupar outros espaços.

(...)
Poesia em transe, autêntica e irrequieta,
Por enquanto o silêncio não é omissão:
Apenas espera!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário