terça-feira, 2 de julho de 2013

VI continuum - a caneta dourada

Continuação do livro (romance) diálogo entre surdos
VI - Continuum

Tiro meus sapatos e contemplo o aspecto sombrio do lugar. Mestre X disse que esse é meu lugar. Adentrei no círculo mágico. Eu fui escolhida por ter me portado como boa menina, e ter sido fertilizada por um homem especial.

Coloco meu capuz. Vejo velas compridas que mais me lembram qualquer ritual da Idade Média. Estou no mosteiro y de Paris, a convite dos meus novos irmanados. Sou benquista.


Um senhor vem me falar em português rudimentar, mas com àquele sotaque parisiense que tanto sonhei viver: Seja bem vinda ao Grande Teatro da Vida.

Sorri! Felicidade, e dos agouros e calos recentes para estar em ambiente tão cheio se sonho e sol, apesar da escuridão reinante.

O francesinho simpático me dá um pergaminho, com meu nome em alto relevo, vermelho. E diz:

Só homens devem estar aqui, mas você foi quem descobriu os tesouros de Osíris, e nossa permissão é tratado selado em outras estações. Pensamos que quem receberia a chave fosse um dos nossos herdeiros mundo afora, para qual grande surpresa ter sido uma mulher. Uma poeta... Mas me diga, como conseguiu feito tão sublime?

Respondo, emocionada: Apenas segui meu coração. Ouvi a voz da intuição. Calei. Escrevi apenas o necessário. E vim pegar a caneta de ouro para escrever o livro tão esperado: O livro cinza. Esse será guardado entre os escritos dessa Irmandade, e só poderá vir ao grande público daqui há dez anos. Como foi os anos que estive no calabouço de homens maus, esse é o período de purgação da terra em transe...

Ele, visivelmente emocionado, pede para outro Mestre vir até mim. Esse me dá um afetuoso abraço... Um dinamarquês feliz, com um inglês que compreendo rasteiramente, fala em espanhol rudimentar:

Maga, sabes que nós estamos aqui para facilitar-lhe o caminhar... Que necessitas?

Respondo, de forma irônica mas pontual: _ Além de viajar e conhecer o mundo? Bem, ter uma pensão favorável, paga pelos membros dessa harmoniosa instituição, que valham o sacrifício de ter montado todo o quebra-cabeça da Marcha dos Silenciosos. Meus escritos ainda são permitidos no face, para me por em contato com os senhores, pois o Mestre X diz ser necessário da proteção e auxílio da Irmandade, para conhecer tratados, livros fechados, e lugares de meus sonhos, que me ajudarão na escrita do livro cinza, que deve conter 300 páginas, mais algumas 100 de referências necessárias... Mas para isso, precisam me mostrar o que vocês vem produzindo, pra eu poder fazer o liame necessário.

Obviamente. Fala o Mestre do Brasil. Estamos do seu lado.

Nesse momento, vem um lindo rapaz, na altura dos seus 30 anos. Meu súdito leal, o amor que se fez carne em outra estação, agora primaveril. Ele traz uma linda caixinha dourada nas mãos, e diz:

_ Vês, aqui está seu troféu.

Abro. Devagarinho, pra não estragar essa emoção secular: Lá está. A caneta dourada. Todos àqueles olhares da noite feita, dentro do círculo mágico, viram aplausos efusivos, de reconhecimento pela minha lida austera. Meu amor, que é Neto, sela meus lábios com um beijo respeitador. Como se já prometendo, além da lida das pesquisas, nossos passeios bucólicos na tarde parisiense. Mas ali, pós meia noite, tiro o capuz. E recebo uma coroa de flores na cabeça, que simboliza a fertilidade merecida.

(Continua?!)

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