
Fica com desejo que te perturba.
Vejo-me presa pelo laço do inimigo,
Propõe idílios, sem dizer palavra, tumultuando meus sentidos.
Meu sentimento é franco,
É fraco, é esquálido,
É veneno, é pouco
E de tão parco, talvez o maior que sentiu, a presença mais sublime
Desse tipo de amor que redime, sinto seu "pedido" e apresso minha partida;
Pede-me que fique, com 'olhinhos' meigos, disfarçados...
Já não posso ver sentido no seu corpo que foi torpor, mágico,
Ao qual chamaria de amor nesta vida-teatro; mero devaneio foi nosso ocaso.
Ora, não pense que sou poetisa tola, que joga cabelos pela janela, e sonhos na privada!
Chamaria amor, ou qualquer palavra suja, apenas pela maestria de quem precisa construir um enredo, não tola piada.
E no fim, do nosso começo, que não haverá jamais, vai cruzando meu passeio, remexe meu passado e seu gosto não sinto
O que sinto é latência, desconcerto, palavras que me faltam, e quando elas me faltam, eis a representação que ainda moras na saudade do que não fomos.
E foi-se, mas ficou aqui, memória de noite aterradora, com sentido desconexo; pulsar desconcertante do passado que mesmo agora, chego a tocar:
Uma noite chuvosa, vigorosa como seu ser ambíguo; tanto tinha a me dar, mas foi cruel
Esperava continuidade, eis o sabor do fel; o elixir de um encontro sem fim, infinito de nós dois, tola esperança
Teve que passar, mas ficaram lembranças...
E se foi, não ligou, não ficou, ou "só ficamos";
Iludido é o romance que não tem peso de amor, apenas tensão de corpos separados que eletricamente ainda se chamam,
Nestes esbarros na Academia, por acaso...
Para o desejo não há tempo, nem espaço!
Vai tolo menino, que não nos possibilita o que seria desfrute de noites infinitas
E pousa de flor em flor; um galho seco, em sua atmosfera árida
Seu ser só, que lembra meu íntimo sedento
E de nós, noite tempestuosa... Poucos segundos, tamanhos segredos.
Como 'andará' o sabor do seu beijo?
Por favor, não cante canções, mentiras ritmadas
Antes me envolva em silêncio, seja só a madrugada
E nós dois, ainda seremos? Ou somos linhas paralelas nesta vida-estrada?
Se ainda for o tempo de dizer, ainda há tempo...
Mas, para que o tempo
Se com você o tempo é inexistente?
Sem passado, futuro ou presente; promessas que não lhe cabem, enredo que até dispenso em nome da fantasia
Vem, então seremos
Apenas nós mesmos!
Você música, eu poesia;
Nostalgias?
Faremos sinfonias...
(Carmen Ligia Vila Nova).
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