sábado, 25 de janeiro de 2014

Porta aberta (De Carmen Ligia)


Se quiseres ir a porta está aberta...
A rua é discreta.
A solidão me deixará deserta,
Certamente perplexa.
Mas não retemos o que amamos,
Vamos aos trancos e barrancos,
Soerguemos enganos,
Disfarçamos os deslizes alheios,
Fazemos vista grossa...
Emaranhando minha vida na tua...
A rua está ausente, fria, sonâmbula,
Mas o meu peito tem calor de mãe zelosa,
Tem carinho de amante gueixa,
Tem os erros de uma poliglota
Que ainda não sabe amar,
E você, que tampouco sabe ficar, se vá.
A porta sempre aberta,
Não sei se esperará sua volta,
Mas deslizará o olhar por essas ruas,
Com movimento,
Sem movimento,
Esperando o alento dos seus beijos,
E vendo todo dia a estupidez da sua santa burrice,
Que pratica a mesmice,
Pecando contra esse amor,
Esgotando nossa chance serenada.
Não toque depois uma serenata,
Nem venha com ramo de flores que murcham...
Seu ser obtuso
Não viu que te dei um mundo,
Mas esse deveria ser compartilhado!
Mas já que não entendes o amor,
A porta continua aberta,
A rua incerta,
Sua alma esfacelada,
Um mundo de enganos te espera!
Vou escrever um livro sobre nós
Desse romance findo,
E do seu ser cínico,
Sonâmbulo, ausente,
Que não te fez ver o amor em seus braços,
Vou pra os papéis e a pena,
Escrever nossas cenas,
Depois venderei folhetins em praça pública,
E quando ver minha escrita,
Entenderá a magia,
Do nosso amor sempre incerto?
Sou escritora!
Você é uma inspiração aterradora...
A porta está aberta!!
Mas meu coração, não.

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