"Em meu espaço naufragado
Submergiu a realidade.
Nos fantasmas do passado,
Contendo meus disfarces.
E de alma irriquieta,
Os espelhos que não vejo.
O sabor que não toco,
O gosto, que só desejo.
A sofreguidão de seguir
Sem ação, sem possuir
O bom metal caindo dos bolsos,
Nesta conformidade de mundo, despossuída...
Falta a renda, e solto "a pena"
Que é esta caneta que desliza,
De tão fácil, até ridícula,
Mas cadê os "réis" para pagar canetas e papéis?
Sigo por ser poeta,
De querer alma exposta, translúcida e conhecida.
Sobra-me o desalento deste dia,
Na casa que não é minha, na vida que não possuo por não ser inteira...
Asneira de quem nasceu com dom "barato",
Que não me faz juntar qualquer trocado.
E semi-desempregada, com outro dom por recriar:
Espero lecionar; hoje estagnada, a monografia que não quer fruir, "falar"...
Ai de mim, se ao invés de tese me propusessem rimas,
Se tal a dor, me dessem também novas perspectivas;
Se um emprego viesse pra sustentar minha solidão, paz,
E o dia tivesse um sentido além da rotina que me desfaz!
Estou aqui... Tentando um lugar, um emprego, uma vida de plenitude,
Mesmo que seja com salário resumido e limitado;
Este compraria meu canto,
Uma quietude que não tem preço, ou tamanho.
Mas meus versos se constrangem...
Como publicá-los se não tenho dinheiro?
Eles buscam também um lar,
Que são os olhos de quem os lerá.
Assim, o metal não é vil, ou fel,
É um meio...
E batalhar para tê-lo, uma condição 'sine qua non' pra ter o descanso da "guerreira",
Que escreve sonhos com a força do pensamento, e este não possui barreiras...
E no sonho em realidade,
Possam meus versos
Chegar aos seus olhos,
Leitor ainda "desconhecido",
Não apenas pela renda,
Se esta parte me couber em vida,
Mas por serem meus versos a maior razão de minha existência
Que eles possam caber, um dia, em sua companhia!
Para este leitor
Direi de coração:
Obrigada por fazer parte da minha vida
Lendo minhas rimas, que são de mim uma extensão...
Então, nesta mesma hora,
Não sei onde estarei, se em meu lar ou além,
Mas quem sabe meus versos viverão por longos dias,
No coração daqueles que apreciam poesia...
Então ter vivido,
Chorando ou sorrindo,
Não vai ter peso diante da eternidade!
Meus versos, estes sim, serão minha presença e constante saudade.
Enfim, conseguirei liberdade diante dos portões da eternidade:
Serei mensagem no coração da humanidade!
E minha vida, gozo e agonia,
Será chuva fina em fim de tarde...
Serei a poeta do desconexo,
Serei a magia no singular,
O verso que rasga mundo em transe,
Pra eternizar as dores e delícias de ser e estar.
Quando eu não estiver
Serei verso encarnado,
Uma gota no oceano
De quem rompeu espaços, dificuldades infindas...
Porém se deu sem tamanho
Em versos e rimas,
Tendo tão pouco ouro
Mas sonhos que cortaram a neblina da hipocrisia...
O tempo, não pára,
A poesia, é infinita...
A poeta Carmen, é também Ligia.
O que é escrito de toda alma se eterniza!
E barreiras,
Não serviram pra fazer parar minha mão.
Meu pensamento voará além,
E aonde estiver irei lhe abraçar: universos em comunhão!
Seja com meu pesar ou alegria,
Saiba que a fé resistirá em meus versos
E na vida da verdadeira VIDA,
Dando minha parcela para apaziguar o mundo em sua covardia.
Neste ou em qualquer tempo
Que novos ventos nos tragam maior incentivo,
Para alcançarmos nossa estrela guia:
Assim poetas serão poetas e a vida será mais artística, quiçá menos individualista!
O metal será sonho convertido.
A poesia será vida em profusão.
A letra será pra servir de alento,
Tão necessária quanto a respiração, será profissão!
Pra quem escreve, sua labuta
Sua cura e seu chão;
Pra quem lê, também libertação
Porque os galhos fazem parte do mesmo grão."
(Carmen Ligia, em 17 de setembro de 2011)
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