segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Carcereiro Mestre: Um Conto-Poesia para encontrar a vida - Parte II"




(...)
Olho nos olhos do Mestre, então carcereiro
E ele me dá umas peças enferrujadas...
Pra que serve palavras incentivadoras, e um corpo sutil
Se meu céu não é anil?

Ele baixa os olhos
Contemplando uma cruzada aos seus pés,
Nada tem de tão seu além de sonhos
E aqueles olhos plácidos que revolve minhas entranhas...

Ele não quer me falar neste momento.
Dá as costas para cuidar da sua própria prisão,
E da provisão, sua própria ração.
Já não entendo seu silêncio. Nem mesmo o meu.

Deixo ele ir. Então minha mente se agita
Cogitando que flores bonitas, podem surgir pelo caminho?
E aqui existe a masmorra, a cela, a escuridão e a temeridade.
A torre a observar-me. Meu medo a absorver-me...

Olho o chão. Lá está a inscrição.
Três palavras e seis números.
Mais. Pietro. Lado-Sul:
9-4-3-9-1-1.

???
O que significa esta inscrição,
Que o carcereiro deixou ali?
Mais de mim, ou de ti?

Pietro? Perto do meu fim-recomeço?
Lago-Sul. O lado que devo seguir.
Mas o sul dos meus desejos escondidos,
Ou a profundidade deste lago escuro, meus traumas inconfessos?

Somando os números pego meu 9.
9 sentimentos vagos...
Paralisia. Desespero. Desconcerto. Perdão. Omissão:
Asfixia. Idolatria? Porta-fechada? Rua-vazia?

Medo!
De ser eu mesma.
De enfrentar a rua deserta,
E incerta de quem sou.

Ele volta.
Com um café quente, com leite e chocolate.
Aprecio a bebida e ele diz-me: Bem verdade...
O que escrevi não é o que pensas. É o tempo que nos resta; já é tarde.

9?
Sim, responde-me.
Aqui está a bússola, não vês?
Estamos no sul. Norte é seu rumo, e encontre-se em você.

Para quê?
Ficar é mais cômodo.
Falar é mais reconfortador,
E partir me causará, extrema dor.

Não te aflijas, minha terna Maga Rebelde...
O que hoje é escuro,
Nestes meus olhos que enxergas sem ver
Amanhã será claro... Noutra estrada, uma vida que irá acontecer...

Não lhe entendo. Fico furiosa naquele espaço encardido, e asfixiante.
Ele tenta me abraçar, já não como antes...
Simplesmente segura firme meu corpo, e me diz quase sem palavras:
Eu vou te encontrar! Noutro tempo... Em outra estrada: Serei o dia, e você, MADRUGADA!

(Por Carmen Ligia - Continua...)

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