segunda-feira, 18 de julho de 2011

Poesia começo d julho... Por Carmen L.

"Eu me deleito, e me esquivo
Sou o medo, o improsivo.
Sou eclética, sou quimera,
Sou a dor, e sou poeta.

Me desmereço, me desanimo.
Reafirmo, e confio.
Mudo céus, terra em transe.
Sou a tela que se constrange.

Sou um rio, sem água;
Sou desafio, e mais estrada.
Sou dúvida, e confiança.
Sou a fé. E a bonança.

E de ser sem ser
Caminhar pra quê?
Já não importa a chegada,
Quero sentir a cavalgada.

E de mares, maremotos,
Turbilhão em meu ser devaneio...
Calafrios e tantos frio,
Receio. Conserto: Concerto...

Quem eu sou se não vou?
E amor que não flora...
Devora: Solidão e duras madrugadas.
Crua. Minha verdade nua. Quero despir minh'alma...

Chega de nostalgia. Cadê a luz do dia?
Se me incomoda sol e claridade,
A fulga me diz, eis uma covarde!
Então não sou folha seca? Das cinzas eis a fênix: Apareça!

E do cruel embate com alma escarlate,
É sangue nos olhos, lágrimas e sofreguidão.
Isto não diz quem sou,
Pois sou mais amor. Quero paz: Comunhão.

Minha mão em sua mão é gesto do infinito.
Quando amigos se reencontram
E este diz: "Na Interner, vi seus versos bonitos"...
Uma massagem no ego, no meu céu em desalinho.

Se tristeza bate,
E crueldade nos meus,
Estrada incerta, até deserta
Mas meu amigo diz-me: és poeta!

Então por mais um dia
Uma força me chama pra vida.
Se duras as pedras? Roteiro e peças!
Lembrei-me: Sou poeta, sou poeta.

E poeta alegre
É enredo que redime.
E poeta triste,
Alento que ressuscita-me!

Nem tudo é dor,
Tantas alegrias.
Por tudo escrevo EU SOU!
Eis a vida! Intrépida, quimera, agonia...

Mar de pétalas
Flores que sangram.
Bastardos que perseguem,
Lições pra outras vidas.

Árvores secas: Inveja de "Caim".
Lágrimas em meus olhos
Irrigam minha solidão.
A procissão segue. Carrego a cruz, com o coração.

Espinhos, quais espinhos ferem nossos caminhos?
Qual a roupa que não serve mais?
Qual a situação que não se sustenta?
Qual a sentença que me fornecerá paz?

Já paguei meu castigo,
Já sofri por meus inimigos.
Já corri. Já levantei.
E perdoar? Será que perdoei?

Vejo o mar. Gelado a me envolver.
Sem calar, vou me refazer;
Dizer ainda soluçando,
E não me queixar. Estou desabafando...

Desabando,
E me encontrando.
Pedindo um rosto,
Que me cale a ousadia. De ser poeta sozinha!

Já vou indo
Chorando, ou sorrindo,
Me doando, me extinguindo,
Renascendo. Ocaso sereno; o céu já está se abrindo.

Eis o amor. Que me pede confronto.
Com temores, e escuro.
Ausência de luz?
Descortino o infinito.

Coincidências.
Deuscidências. Amigo.
Que me lembra: Tu és uma boa poeta.
Então, por que me contrario?

Esta casa, esta família
Não é quem sou!
Mais amor e poesia.
O que é presente, já passou.

Sigo meu caminho.
Sorrindo, não mais chorando
Antes me emocionando.
A estrada é segundo. A vida é eterna. Mas sempre se renovando.

Esta realidade é piscar de olhos.
E preciso reter a gratidão.
A poesia é extensão...
Não passei neste mundo em vão. Qualquer pecado, não será por omissão!

E sou passarinho
Nesta viagem de encontro comigo.
Viajando neste espaço finito,
E me reintegrando. Alma, eterna alma...

Se o ontem foi desalinho.
Se o irmão é egoísta,
Quem sou eu pra me queixar da vida?
Escrevo, isto é minha terapia...

Se colhemos o que plantamos,
Ele plantando limão, colherá tomate?
Já plantei ressentimento,
Só quero hoje semear minha liberdade...

Deixe a terra seca com os cegos.
Deixe a moenda com os parasitas.
Quando se nasce borboleta,
Chega hora que o casulo asfixia.

Me dêem ar, me ofereçam mar.
Amar. Perdoar às vezes é calar
E deixar passar.
Se retenho o que não tenho, como irei velejar em novos tempos?

É sinal de um novo recomeço,
Sou letra e profusão.
Sou esta letra que revela,
Sou a vela que queima, qual meu coração...

E se o tempo é breve
Por que da injúria fazer tempestade?
Ventos que não colhemos
Não nos abatem.

Tempo.
Qual o tempo de ser colorida?
Voar qual borboleta
Sem temer a vida?

Escrever por paixão,
Perdoar pra seguir.
Aos meus amigos, o coração.
Aos inimigos, estes terão o porvir.

Se planto semente de novos tempos
O passado, é só um livro fechado.
Abro meus versos,
E abraço novos dias, serenados...

Pedras já não ferem
Flores são perfumadas.
Madrugadas são rimas
E dias são inteiros, viverei-os com toda a alma!

Sem medo,
Sem dor.
Mais amor...
Mar. Lar. "Dos cegos do castelo, me despeço e vou!"

O que passou, passado.
O que ficou? Retratos.
Sou ínfima; seguir pra sorrir.
Sou intensa; escrever pra poder dizer: Resisti!

Analogia com a letra, registro assim:
Se chorei,
Se sorri.
O importante é que emoções 'escrevi'!"

(Por Carmen Ligia, em 04/07/2011;
mais ou menos 02hrs45min da madru)!